sábado, 6 de maio de 2017

fora de água









perderam a cor, as algas vermelhas que, da praia, trouxe nos bolsos. assim será o meu amor, se eu o trouxer comigo.








sexta-feira, 5 de maio de 2017

sobrevivência








então obrigou o sorriso, levantou o rosto, escolheu um vestido, realçou os lábios, perfumou a nuca, escovou o cabelo, calçou uns sapatos rasos, e aceitou o convite. iria rir-se, brincar com as palavras, seduzir o pobre homem.









das medidas







o burburinho da minha pele fala-me da distância da pele dele.








quinta-feira, 4 de maio de 2017

eu e eu








o meu corpo cumpre todas as suas funções. acorda, veste-se, do avesso, mas veste-se, sai para a rua, vai ao café, trabalha, conversa, responde a perguntas e segue indicações, regressa a casa, faz compras online, assina o correio registado, escreve, adormece. 
a minha alma, já a minha alma, voa. acorda com ele, banha-se com ele, vela por ele, repousa nele, ama com ele, passeia-se com ele, sofre com ele, alegra-se por ele.
neste desencontro, quem me vê não me vê, onde estou não estou. na verdade, a vida passa e não a vivo, mas o tempo esfuma-se e envelheço. 
agora que o escrevo, reparo que o que de verdadeiro trago na vida, é o tempo que passa.










quarta-feira, 3 de maio de 2017

mau jeito








na verdade nunca soube amar. dizem de mim que sou seca e bruta no trato, ausente de gestos de carinho e impaciente por despedidas. 
assim, de tanto lhe querer bem, deixo-o repousar nos braços de quem o encanta e sabe amar.









terça-feira, 2 de maio de 2017

sobre o meu amor








o meu amor é um tornado fresco e manso. envolve todos os recantos do meu corpo, a minha pele arrepia-se em voo de prazer, os meus pés deixam de sentir o chão e estou com ele, mesmo onde ele não está.










segunda-feira, 1 de maio de 2017

fuga







as gaivotas gritam desesperadas
eu tenho frio
escrevo
-te