quarta-feira, 12 de outubro de 2016

calma










acordo e já não penso em ti. 
apagas-te devagar. 
lembro-me do tempo em que te trazia escrito em cada arrepio da pele. dizias 'por todos os poros', e eu não te confessava que sim, 'por todos os poros'. mas eras, em tudo, no céu, nas flores, nas árvores. lembras-te do jacarandá e da laranjeira que brincava com as estações? ah, tudo se me apaga da memória à medida que docemente te afastas. 
tento lembrar-me do antes do agora, e fica sempre um sabor amargo a desperdício e uma crescente incapacidade futura.  
sento-me em frente a este ecrã frio e sinto uma calma que não queria.