terça-feira, 13 de setembro de 2016

é só a história de uma noite de uma mulher qualquer













conta-me:

eu não quero isto para mim - pensou naquela noite já longinqua, com aquele homem no meio das suas pernas, em movimentos ritmados.
ela acreditara que ele, que dizia que a amava, tinha mãos de cura, que se se entregasse a elas, sararia feridas passadas, na alma. 
e permitira. 
ele desceu as alças do seu vestido e despiu-lhe os seios. desfez-se da roupa dele e da dela, e naqueles movimentos que se passavam por dentro dela, por muito mais dentro do que ele poderia imaginar, perguntou-lhe se tinha 'acabado'. ela disse-lhe que não, mas que não se preocupasse com isso. com um suspiro e um tremor, o corpo dele pousou, pesado sobre o dela. 
gostaste? - perguntou, ao que ela disse que não era pergunta que se fizesse, e recusou o banho que ele sugeriu. 
não preciso - disse, enquanto ele se levantava com pressa para o duche.
ela vestiu-se com calma, e acolheu-o no seu colo depois de lavado, não entendia ela do quê. passeou os dedos pelo  cabelo grisalho do homem e conversaram sobre nada.
quando regressou a casa, debaixo da água do seu chuveiro, reparou que ele nem lhe tocou no corpo, com as mãos.

pergunto-lhe se valeu a pena, se se sente curada. 
ela fecha os olhos e esconde a mágoa por baixo das pálpebras.