quinta-feira, 18 de maio de 2017

lascívia









a camisola que eu trazia era tão macia, que nem a senti descer e deixar-me o ombro desnudo. assim que percebi que ele tinha o olhar baboso pousado no meu corpo, puxei lentamente a malha de forma a que me cobrisse.
- és mázinha. se me estava a dar prazer olhar para o teu ombro, porque o cobriste?
não respondi. incomoda-me o prazer lascivo que possa ter quem eu não desejo, ao olhar para mim.
na boca trago ainda o travo amargo, de tempos longínquos, quando, fingindo que dormia, o sentia destapar-me os lençois para observar o meu corpo semi-nu, deitado, e o movimento do colchão de seguida.