quinta-feira, 4 de agosto de 2016

um dia não sentirei a tua falta












faltas-me. e não há como dizer-te isto de outra forma. 
faltas-me. 
sim, os dias são mais longos e largos e são mais as coisas que cabem neles. 
mas faltas-me.
o dia nasce, e sabes, não tenho a quem dizer - o sol está a nascer. e, pela hora do crepúsculo - é a hora do sossego, as andorinhas anunciam o regresso aos ninhos. 
faltas-me.
os dias sobram-me e esse excesso abre um espaço vazio no meu peito, a cada dia maior, a cada dia mais vazio.
faltas-me.
o corpo pesa mais ao acordar e recusa adormecer de noite. e tu sabes como eu sou de madrugadas, mas faltas-me.
escrevo 'faltas-me' em papelinhos pequeninos que dobro e queimo, sucessivamente, até esgotar esta vontade de escrever 'faltas-me',
até que não sinta a tua falta.