quinta-feira, 29 de junho de 2017

do dia










aproximo-me dele.
respiro.
continuo o dia.
ele não sabe que me reforça.










quarta-feira, 28 de junho de 2017

domingo, 25 de junho de 2017

do tempo










este blogue fez um ano há um mês. eu nem notei. nem me notei neste tempo todo, e mais.













Que reste-t-il

sábado, 24 de junho de 2017

insignificâncias










ele sabe-o.
para ele não tenho nada. 
apenas coisas que não se vêem.
este gostar.
o sol na pele.
o vento no corpo.
este gostar.
o aconchego das copas das árvores.
um banco à beira-rio.
este gostar.
deixar ir embora.
ficar.
este gostar.
o aroma do manjericão ao sol.
salpicos do mar.
este gostar.
o adeus.
o olá.
este gostar.
o adeus.
não conseguir ir embora. 
este gostar.
o adeus.
o adeus.












sexta-feira, 23 de junho de 2017

das mãos










foram tantas as palavras
escritas para ti
que hoje perco os meus olhos
nas minhas mãos
inúteis
vazias









quarta-feira, 21 de junho de 2017

verão










em todo o lado anunciam o início do verão. para mim, é o momento em que os dias começarão a dar espaço à noite, antecipando lentamente a hora de recolher, a hora em que te encontro, a hora dos sonhos.









terça-feira, 20 de junho de 2017

morre-me








olho para as minhas mãos quietas. ele morre-me devagarinho. os dedos pousam no teclado vazios de palavras. o meu olhar perde-se no negrume da noite que se alarga pelo céu vazio de estrelas. ele morre-me devagarinho. morre-me, e eu finjo que não sinto 











sábado, 17 de junho de 2017

andorinha-se







com os braços elevados, rodopia nua ao vento sul sob o ardor do frémito solar. 
a pele pede a pele dele por todos os poros, como se gritasse. 
ele não sabe do apelo do corpo, da urgência das estações, da inconstância das marés. 
ele segue sereno. 
ela andorinha-se num num voo sem fim.

















quinta-feira, 15 de junho de 2017

contabilidade









jantamos? pergunta, enquanto pensa quanto tempo o homem esperou por aquela pergunta. dez meses, recorda. 
não mais do que ela espera pelo outro. muito menos. lembra com frieza como se a sua loucura pudesse ser medida de tempo.










quarta-feira, 14 de junho de 2017

a resposta










é simples.
estão aqui, cruzados, diante do meu olhar, dois pés pousados numa almofada com as cores todas do arco-íris; são também dez os dedos que batem no teclado; encostado ao sofá, apenas um coração dentro do peito; debaixo do chuveiro, estará daqui a pouco, um só corpo; o lado esquerdo da cama estará fresco, quando eu rebolar às quatro da manhã.
não consigo ver o que vejo.












terça-feira, 13 de junho de 2017

do cansaço









faço do meu corpo um manto onde o abrigo quando o cansaço o verga.








segunda-feira, 12 de junho de 2017

desencontro












anoitece tão tarde
anoiteço tão cedo








sexta-feira, 9 de junho de 2017

como eu gosto dele





chamar-me-iam, se pudessem, tonta e iludida. exibiriam conceitos de dignidade, verdade e fidelidade, contrastando com a minha maneira de amar. mas eu engrandeço-me com os momentos que ele me dedica nos seus dias atarefados, dos sorrisos de que se veste quando me vê, na vontade de estar perto e da sua pele se pacificar na minha.









quarta-feira, 7 de junho de 2017

do amor










é amor que faço com ele, quando faço com que ele sorria.











domingo, 4 de junho de 2017

Jaisalmer







"Un lugar donde el vuelo extremadamente sedoso de las bandadas de palomas nos alcance sin apenas rozarnos."










visibilidade








é debaixo da pele que tudo se passa.
que a impossibilidade ri
que a alma se revolta
que a distância dói
que o corpo treme
que a tristeza fala
que tu me faltas
que eu parto










sábado, 3 de junho de 2017

em vão








É ​vendo no rosto dele​,​ o amor que sente por mim, em vão, que a minha compaixão por ele, ​se ​encontra ​com aquela que me nasce, ao reconhecer o que sinto por ti, em vão.










sexta-feira, 2 de junho de 2017

solto









enquanto o distraio com trivialidades, chego bem perto e respiro o ar que circula junto à pele dele.
inspiro-o e deslargo-o.
















quinta-feira, 1 de junho de 2017

parto








vou embora, murmuro. vou deixar-te. o meu corpo dói-se da dor de não te ter, por isso parto. 
escrevo e apago todas as frases que ensaio. não consigo preencher os espaços entre as palavras de olhares demorados, de hesitações de partidas, da esperança do teu abraço, de tudo o que não tenho.
é por isso que vou embora, porque dói.