Era perfectamente natural que te acordaras de él a la hora de las nostalgias, cuando uno se deja corromper por esas ausencias que llamamos recuerdos y hay que remendar con palabras y con imágenes tanto hueco insaciable. Julio Cortázar
sexta-feira, 30 de setembro de 2016
terça-feira, 27 de setembro de 2016
desaparecendo
trago os dedos tão sem tempo para palavras de alívio.
trago os olhos tão cheios de desnecessário.
não sei se o que está escrito, existe, porque os dedos escrevem, se pelos olhos que lêem, se pelo peito que expele.
não sei onde te situo em mim se eu não habito em ti.
tudo isto são palavras fracas, frouxas, inconsistentes.
como isto de ser só eu em nós.
um dia, estas palavras serão nada.
segunda-feira, 26 de setembro de 2016
domingo, 25 de setembro de 2016
esperança
e hoje chove tanto...
como poderei esquecer-me de ti agora que o inverno se aproxima?
como poderei esquecer-me de ti quando se aproximar o verão, se tu és luz e azul?
[mas olha, esta manhã entrei em duas livrarias e nem pensei em ti. talvez haja esperança para a minha sanidade sentimental.]
como poderei esquecer-me de ti agora que o inverno se aproxima?
como poderei esquecer-me de ti quando se aproximar o verão, se tu és luz e azul?
[mas olha, esta manhã entrei em duas livrarias e nem pensei em ti. talvez haja esperança para a minha sanidade sentimental.]
sábado, 24 de setembro de 2016
mudarei de terra para poder sentir
sexta-feira, 23 de setembro de 2016
um e outro
não, não se conhecem, o um e o outro, mas andam a par, e a par entraram na vida dela, como dançarinos de roda, com ela no meio. então, o que ela perguntava a um, o outro respondia, o que um lhe mostrava, o outro completava, quando um não estava, o outro desaparecia, e quando um chegava, o outro saudava-a. um escrevia e o outro mandava-lhe os poemas que o outro criara.
por longo tempo ela pensou serem, um e outro a mesma pessoa, tantas eram as coincidências. só bem mais tarde, quando na presença de um, recebia mensagens de outro, é que se convenceu que eram dois que, sem o saberem, viviam a par. um trouxe-lhe poesia, música, conhecimento, sensualidade. o outro, trouxe-lhe espiritualidade, questionamento, crescimento.
ela encantou-se e desencantou-se e reencantou-se por um e por outro, a par. até que um dia, no mesmo dia, de um e de outro, gestos diferentes com sentidos sinónimos, afastou-se.
um e outro, na mesma altura chegaram na sua vida, e um e outro, precisamente no mesmo momento saíram da sua vida. um, ela não sabe porquê, o outro, ela deu-lhe o porquê.
um e outro não sabem, mas vivem a par com distâncias entre eles, de muitas medidas.
quantas vezes ela se abeirou de perguntar ao um, o porquê de lhe trazer o outro para a sua vida, mas a vertigem do precipício travou-a.
caiu do inverso, do que calou.
terça-feira, 20 de setembro de 2016
sexta-feira, 16 de setembro de 2016
vem
Vem.
Vamos contrariar os oráculos. O tarot, as runas, os búzios, o baralho cigano, o exu e a pomba gira. Vamos contrariar os astros, o carma e os desígnios divinos.
Todos dizem que não virás.
Vem.
terça-feira, 13 de setembro de 2016
é só a história de uma noite de uma mulher qualquer
eu não quero isto para mim - pensou naquela noite já longinqua, com aquele homem no meio das suas pernas, em movimentos ritmados.
ela acreditara que ele, que dizia que a amava, tinha mãos de cura, que se se entregasse a elas, sararia feridas passadas, na alma.
e permitira.
ele desceu as alças do seu vestido e despiu-lhe os seios. desfez-se da roupa dele e da dela, e naqueles movimentos que se passavam por dentro dela, por muito mais dentro do que ele poderia imaginar, perguntou-lhe se tinha 'acabado'. ela disse-lhe que não, mas que não se preocupasse com isso. com um suspiro e um tremor, o corpo dele pousou, pesado sobre o dela.
gostaste? - perguntou, ao que ela disse que não era pergunta que se fizesse, e recusou o banho que ele sugeriu.
não preciso - disse, enquanto ele se levantava com pressa para o duche.
ela vestiu-se com calma, e acolheu-o no seu colo depois de lavado, não entendia ela do quê. passeou os dedos pelo cabelo grisalho do homem e conversaram sobre nada.
quando regressou a casa, debaixo da água do seu chuveiro, reparou que ele nem lhe tocou no corpo, com as mãos.
pergunto-lhe se valeu a pena, se se sente curada.
ela fecha os olhos e esconde a mágoa por baixo das pálpebras.
domingo, 11 de setembro de 2016
a ti, a quem não nomeio
a pele em fogo que ficou depois de ti,
tu soltas-te,
gentilmente,
de mim
sexta-feira, 9 de setembro de 2016
eu gosto tanto de ti
cheguei ao fim da noite sem tecto.
comi demais.
bebi demais.
tento preencher o espaço que deixas vazio em mim, com coisas, tarefas, espécie de desejos.
eu gosto tanto de ti.
eu gosto tanto de ti.
terça-feira, 6 de setembro de 2016
venha o inverno
Esperei-te em agosto, todo o mês de agosto. E não vieste. Já
te tinha esperado em janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho e julho. Espero-te
em setembro e esperar-te-ei em outubro, novembro e dezembro. Tu não virás. Mesmo
assim, espero-te.
A minha boca cala, mas os meus olhos são o banco de jardim
onde eu aguardo, e as pessoas perguntam – o que esperas? – e eu, olhos presos
no rio, nunca direi que espero ser foz.
segunda-feira, 5 de setembro de 2016
quinta-feira, 1 de setembro de 2016
talvez um dia venhas e partilhes comigo este silêncio
ouço o silêncio como quem trinca melancia em dia quente de verão.
respiro o ar frio da noite.
o peito treme por dentro, de prazer.
culpam-me por gostar tanto disto, de ser assim, só. é um insulto, uma bofetada, à ordem natural da vida, insistem.
no fundo, eu espero-te.
espero-te porque nunca virás.
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