domingo, 30 de abril de 2017

If you go away as I know you must

ele








Todas as mulheres que escrevem lamentos, lamentam-se por ele. Todas as mulheres que escrevem alegrias, alegram-se por ele. Todas as mulheres que trazem na boca as palavras que ele verte, foi ele que lhas poisou nos lábios. Todas as faltas são falta dele. Todos os risos são presença dele.









sobre ti


quinta-feira, 27 de abril de 2017

ciúmes









ciúmes tenho dos traços que ele deixa no sorriso dela, dos poemas na sua boca, das palavras nos seus dedos. ciúmes tenho dos olhos que o viram, do ar que ela respirou junto dele, do sol que, com ele, coloriu o seu rosto. ciúmes tenho dos sonhos que ele criou para as noites dela e do primeiro pensamento nele, na alvorada.











sexta-feira, 21 de abril de 2017

ao cair no dia






entrego-te o mais simples de mim - este meu corpo cansado, nu, indefeso. 
toda eu frágil. 
frágil.










quarta-feira, 19 de abril de 2017

memórias de pele







o dia amanheceu ventoso e morno. as gaivotas planam tão rente a mim, parada, a assistir ao nascer do dia, que quase me tocam. prendo o cabelo no cimo da cabeça para sentir o corpo invisível do ar a passear pelo meu pescoço, pelos ombros. 
fecho os olhos, inspiro e penso nele. ele não está. nunca estará, mas trago-o tatuado do lado de dentro da pele.









segunda-feira, 17 de abril de 2017

nada









todos os dias senti-te como se fosse o último. 
tenho vivido de mudas despedidas e não cheguei a viver-te, de tanto me despedir.
entristeço-mo nas minhas mãos vazias.










domingo, 16 de abril de 2017

fundo










quanto mais me procuro dentro de mim, mais te encontro a ti










i need you

sexta-feira, 14 de abril de 2017

à leitora que se procura no meu desatino






procuro, em vão, um poema que fale deste meu sentir por ele.
procuro nas palavras dos outros, corpo para este querer. e não encontro.
nada leio sobre a pele que tem memórias nunca antes tocadas, nem de esperas calmas, que queimam por dentro. e queria eu escrever isto de forma simples mas fico-me pela incompreensão de mim, num tempo sem registos e numa distância que se ri das unidades de medida.
quem me possa ler, não me entende.
eu, que me escrevo, não encontro o caminho, no caminho não o encontro, não entendo a espera e nem assim desespero.
a verdade, leitora que se procura no meu desatino, é que o que procuro nele, está dentro de mim e não encontro. fico, por isso, presa na espera dele, como se por mim, eu mesma esperasse. 








irracional







eu não sei se é ele que chega, se sou eu que o procuro.
sei que me acolhe na curva do seu braço e que perco a minha perna no meio das suas.
sussurra-me ao ouvido confidências da minha alma, e adivinha todos os arrepios do meu corpo, e brinca com eles.
não sei quando parte. sei que às vezes faz frio e sei que fico e que espero e que isso não depende da minha vontade.









sexta-feira, 7 de abril de 2017

ela








ela mostra-lhe o gostar dele de uma maneira mais bonita do que a minha. tem poemas e prosas e músicas e quadros e viagens e paisagens, e é linda. eu tenho as mãos e os olhos cansados de trabalhos, e o coração dentro de um gradeado. a ele, trago-o sempre num desejo de que a vida o ampare, de que não magoe ninguém, e que me deseje, também. ao final do dia, na tentativa desajeitada em transcender o espaço, encontro-o na forma que ele não sabe que existe, e cuido dele, conforme sei. ela está em tudo o que é belo. eu estou em tudo o que não se vê.







quarta-feira, 5 de abril de 2017

dança










é verdade, todos os dias eu penso que vai ser o último, que ele não voltará. assim como todos os dias me pergunto se alguma vez serei capaz de não regressar a ele. mas quando ele não volta, eu regresso, e ele recebe-me. eu acho que dançamos. é isso, dançamos.










segunda-feira, 3 de abril de 2017

partes de mim







às vezes ele, matreiro e infantil, distancia-se, e quando ele não está, parte de mim tenta adivinhar por onde ele andará, outra parte sabe-o desde sempre, outra parte tenta fingir que nem percebeu que ele está longe, e outra parte, espera, agradecida por ele estar na minha vida, porque tudo o que me vem dele é grande, embora pouco, embora longe, embora breve. 
com ele, eu vivo solta e fico presa, e parte de mim vai e outra parte fica e outra parte, cada vez mais pequena, espera.
no meio destas partes todas, eu disperso-me, e às vezes perco-me de mim, sem saber em qual das partes vivo. 
e a vida passa.