é por dentro que tudo se passa. este burburinho interior. fecho os olhos e balanço o corpo ao som da música que me envias com palavras que não percebo. regresso a outra vida em que tu e eu, em que éramos possíveis. não vens. talvez nunca venhas. no entanto, estás aqui, nesta parte que hoje se solta de mim, nesta ideia de que tudo é possível, de que, se eu o quiser, transcendo o espaço.
e ter-te-ei.
{o meu domingo és tu.
o silêncio
a pele
a calma
a palavra sussurrada
a manhã.}
é de manhã que me encosto ao teu corpo, nu, morno. tu recebes-me sempre, sempre, sem pressa, e fazes dilatar o tempo nesta sintonia de estarmos juntos. pele com pele, num despertar doce dos sentidos. as mãos. as nossas mãos encontram-se primeiro num entrelaçar de dedos e percorrem vagarosamente o corpo todo.
bom dia
se tu chegasses agora terias aqui um corpo de mulher cansada que se renovaria em abrigo para te acolher.
fecho os olhos perante esta folha em branco e deixo-me ouvir o silêncio. levanto os olhos e o céu está todo riscado de branco. a vida passa. o tempo gasta. levanto o meu corpo ensonado e vou trabalhar.
tenho frio, tu não sabes. tenho frio em vez de ti.