terça-feira, 23 de agosto de 2016

o tempo envelhece se não te olho










desejo ver-te com os olhos do corpo. demorar o olhar no teu, sem tempo, que o tempo havia de querer parar também, no caminho do meu olhar para os teus olhos.
desejo ver-te com os olhos do corpo, tocar-te para além da alma, a pele. prometo que não demoro o toque, mas esse segundo permanecerá colado aos meus dedos. tempo feito carne, tempo que não foge.
desejo ver-te com os olhos do corpo, sentir o teu cheiro. inspirar e guardar no peito o teu aroma. não expiraria aquele pedacinho de ti, e traria, qual talismã, colado ao timo.
desejo ver-te com os olhos do corpo e arriscar perder-te.
perder-te prolongar-se-ia no tempo. seriam anos, seria o resto da vida, seria para além da vida, lodo, alcatrão, teia prisioneira, peçonha colada ao corpo.

o tempo não é mais do que este querer que não se cumpre. 
pararei o tempo ao olhar-te.